Tempo de partir


É tempo de partir! Meu olhar todo despedida...
Passo vago pelas coisas acariciando-as
Trazendo-as bem mais perto do peito
A embalar ao coração humano...

Adeus amigos! – diz meu olhar adivinho.
Adeus mulheres que amei! Última paixão,
Alma virgem dos meus beijos,
Dona dos meus suspiros de amor enlouquecidos...

Adeus passos curtos que vão ficando pelas ruas...
Folhas do outono que me brindastes um ruído...
É tempo... Tempo de partir!...
Quem sabe haverá regresso – quem sabe um dia.

Adeus mãos que me acenam lenços brancos...
Lágrimas que por mim caem num triste pranto...
É tempo! E é inevitável...
O barco espera de velas hasteadas,
As vagas varrem para além da praia...

Adeus perfumes... Flores de cores tantas... Adeus!
É tempo... Tempo de partir...
Almejo o horizonte
Só vejo caminhos a percorrer...
– novas liberdades em braços outros.

Tempo de juntar as coisas: os livros lidos e os por serem lidos...
Os poemas já escritos e os nãos escritos... Adeus!